sábado, 7 de julho de 2012

No se si estoy dormida


Sonho ou realidade sonho ou realidade sonho ou realidade sonho ou realidade sonho ou realidade sonho ou realidade sonho ou realidade sonho ou realidade sonho ou realidade até que ponto é um até que linha é outro os dois se costuram tão singelamente e camufladamente que já não consigo mais dissociar ou do outro sonho ou realidade:

Um morro. Um prédio. Duas cidades. Uma noite. Um dia. Otro homen. Uma menina “desconhecida”. Um bolo de galho. Convite. Desculpa. Daniel y una chica bela. Camiñando rápido cada vez más. El finge que no estoy. Yo tengo mucha tristeza y raiva. Pendengo! Corro. Encontro algumas pessoas que passam por mim e me olham. São mendigas. Um homem se aproxima e diz: vem comigo. Eu vou. Elas olham pra trás como se eu não as visse. Eu o cumprimentei e a elas não. O que há de errado comigo? Os monstros moram dentro de mim. Do que eu estou fugindo? De que? -- ---. Passo pelo mercado e não entro. Estava fechado. Chegamos no ex apartamento. O porteiro nem vê. Maldito, está sempre dormindo! Uma esperança. O homem me solta. Entramos. Ele tenta me beijar. Eu só estava fazendo uma boa ação. Solidariedade FODE COM TUDO. Eu tento me desvencilhar sem demonstrar temor. Subo. Digo que tenho um almoço em família. Ele desiste, por hora. Caos. Não sei se eu tenho mais medo dele ou de ficar sozinha comigo mesma. Eu o criei. Seu cabelo. Sua barba. Seu rosto avermelhado. Seu tamanho mediano. Sua força. Seu desafio. Ele está na minha mente. Mesmo assim eu tenho medo. Tranco a porta. Meu corpo treme. Mando mensagem para a tia torcendo para que ele não ouça minhas pernas tremerem, meu corpo todo teme. Ligo a TV. Minhas mãos tremem. Não consigo enviar a mensagem, ela fica pela metade. Agora ele bate na porta. Eu espio pelo buraco. Ele bate. Eu me assusto. Silêncio. Meus dentes batem uns nos outros. Consigo mandar a mensagem. Me tranco no quarto. El bate. Tengo miedo. Mis manos sueltan él telefono. Por que tengo tanto miedo? Lo que me habita? Meus tios e meus pais chegam. La agonia se termino. Uma prima que toma remédios há anos. Sofre de epilepsia. Eu grito. Quero falar, mas não deixam. Quero contar, mas não ouvem. Ela fala: aconteceu aquilo no meu trabalho. Fico pensativa. Ainda quero falar. El homi se fue, pero ahora tiene sangue en sus manos. Y un cuchillo. Alpargata. Peças de um quebra-cabeça. Me duele la pança. No puedo suportar. Al mismo tiempo, dos horrores. O mendigo matou 7 pessoas depois de desistir da porta. 7 pessoas desconhecidas. Pode ser a vizinha que me emprestou o táxi para o centro no ano retrasado. Ou Daniel. Pode ser o Zé. Minha prima nunca falou. Eu vejo a cena em minha mente. Suicídio. She’s gone. Su pelo rubio. Su cuerpo frágil. Se fue. She’s gone.  

domingo, 1 de julho de 2012

Traição

Perco-me no calendário... 
Ao voltar as origens, volto também a caligrafia no tempo esquecida diante do hábito da digitação. 
Quando foi que me cortaram a linguagem?
Demorei tanto para reencontrar em mim a escrita adormecida e a despertar para num segundo, em um piscar de olhos: o ano passou. Já não sou mais a mesma, me deixei morrer diante das investidas dos outros, me calei. 

Não era para ser o caos, isso não era para ser o caos.

Escrever não era para ser dor,
nem obrigação, 
nem desvontade,
desprazer, 
descida. 

Escrita não era morte. 
Escrita era para ser marca e vida, marca de vida, identidade e história. 
Por que deixei que me invadissem e negassem minha identidade? 
Quando foi que morri? 
Do caos, revejo minha vida agora. 
Se ela não tivesse chegado. 
Quem sabe onde eu estaria. 
Poderia ser a mesma história.
A palavra, a única que eu tenho, talvez seja isso que me faz sentir tão fundo.
Depois que eu acabo de dizer nunca é aquilo que eu queria ter dito. 
Eu me traio com palavras. 
Um romance era muito mais real se terminasse com morte. 
Você nunca saberia realmente o que eu sou. 
A minha mentira é maior e mais forte do que todos esses bailes de máscaras. 
Pormenores. 
O som do violão acode a nossa dor e o silêncio separa a finitude dessa relação. 
O meu crime foi nunca ter falado. Um dos meus crimes. 
Escrita, doce fuga. Ficção. Possibilidade de traição e de mentira. Desabafo cordial. 
Nunca posso ver o que virá, mas tenho escrito o que já foi.