quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Felicidade doce e amarga


Eu tenho a sensação de a felicidade estar o tempo inteiro escorrendo entre as minhas pernas (ou de ser isso que escorre).
Se há algum tempo dissecassem meu corpo, iriam encontrar órgãos ocos, secos, mortos.
Eles poderiam até ser a causa extrema de minha falência múltipla.

- Morreu de que?
- De infelicidade. Quando abriram seu corpo, os órgãos estavam secos.

O que será, que será que dá dentro da gente que não devia...
Não sei se devia ou não, só sei que sinto. 
Eu sinto como se meu corpo inteiro estivesse sendo preenchido, aos poucos, por uma massa uniforme e viva.

Sabe quando você quebra 3 ovos, mistura com leite, farinho de trigo, um pouco de óleo, fermento em pó
e o milagre de transformar algo separado em uma coisa única, forte, alimento para nossos dias...

Fazia tempo que eu não fazia planos, eles pareciam estar todos desenhados.

"Acordo às 9h da manhã, escrevo, almoço, escrevo, tomo um café, escrevo e quando vinha a dificuldade de articular as ideias no papel sem graça do corpo do word, eu lia um pouco. Conselho dela.

A minha vida estava toda escrita sem espaço para as entrelinhas,
e talvez essa sensação de voltar a improvisar, voltar a sentir o frio das coisas por fazer, voltar a caminhar
sem chão, mas respirando e sentindo cheiros e gostos e sorrisos...

É, tenho de concordar, a felicidade só é verdadeira quando compartilhada.

Você mal chegou em mim e já me faz dar esses pulos de emoção incontida E COMO ISSO ME FAZIA FALTA!
Tem certeza que você nao pode me ouvir daí de dentro?
Olha aqui, isso que eu escrevo é pra ti, presença da ausência. Fazia tempo que algo não me motivava a criar: você tem sido minha válvula, mas eu não queria te trazer para cá pra que fora isso "a válvula de escape", "o ponto de fuga"
mensageiro da minha paz. 
Sou egoísta, de qualquer modo. E te amo, com todas as minhas forças, mesmo sabendo que você
tem que partir. Essa lágrima quente que escorre em meu rosto mostra que eu te quero, mesmo não te querendo.
O doce amor das contradições. 

Falo que não, mas sim.
Digo que você deve partir, mas não quero que o faças.
Quero sonhar com você, meu pedaço de vida.
Precisava colocar para fora toda essa coisa chamada amor que tenho sentido desde as pontas do pé até meu último fio de cabelo.
Um arrepio percorre meu corpo enquanto sinto-te ainda mais.

- O que você faria se fosse daqui há cinco anos?
- Eu projetaria toda a nossa vida juntos...

Incondicional, você é essa força incondicional de planejar mesmo não te tendo, de te amar sem te odiar primeiro, de querer mesmo sem querer, de tocar mesmo com uma barreira nos separando da vida.

Te tenho dentro de mim e precisei dessa tua presença pequena e macia para entender o poder das palavras novamente. Essas sim, posso chamar de válvula de escape.

Estou num estado de te amar constantemente.
E fazia tempo...

domingo, 5 de agosto de 2012

Pescadora


Parece que menti mais uma vez quando disse que nunca mais havia chorado a tua falta.
Ainda não consigo me livrar das lembranças que tuas lágrimas me deixaram.
E ouso repetir todas às vezes, umas pela manhã e outras pela noite, a nossa história de trás pra frente.
Eu sou mesmo uma contadora de histórias.
Faço-as da maneira como me convém e os finais felizes ficam apenas em minhas projeções egoístas.
Eu pensei naquela cortina que refletia o escuro das quatro paredes de nosso desenrolar de pernas.
E uma trilha sonora sem fio vai entoando o som que conheci depois, mas preferi que você fizesse parte.
Assim vou vivendo a tua ausência. E, sobretudo, a minha.
Fraco amor.
Dos incompreendidos.
Da busca.
Do limite e da fronteira.
Amor territorialista. Dominador.
Irreversível.
Comprei um barco para mandar ao mar todas essas sementes de ilusão.
Viver o tempo inteiro “indo embora” parece estar me matando aos poucos.
Linhas da imaturidade.
A paixão presente tem me roubado aos poucos de ti.
Only Love.