terça-feira, 25 de junho de 2013

Hoje, no mercado

Têm dias que só indo ao mercado. Por mais que a gente evite. Mas, as contas estão altas e o mercadinho aqui da frente também precisa garantir o seu. Como fazem isso? Cobrando três vezes mais que o preço de outros estabelecimentos maiores. Respira fundo, vamos lá. Filas, caixas, pessoas absortas pelas propagandas e nós, dois animaizinhos afugentados no meio dessa bagunça toda. 
Pensei: Bom, é melhor cortar o leite de vez, mas e o de soja? Se não for da marca mais cara, não tem. E lá vamos nós, rodar o lugar em busca do preço mais justo. Ou da mão de obra mais barata... Contradições a parte, voltemos ao objetivo principal: sair logo daqui.
- Vou buscar o pão enquanto você vê o preço do leite em pó de soja.
- Beleza.
Continuei a rodar prateleiras em vão. Todos o pães que gosto vencem daqui quatro dias. Vou levar essa torrada integral mesmo. Enquanto pensava se levaria ou não, ainda, o pão, não pude deixar de ouvir a conversa ao lado:
- Oi, seu Ademar! - falou uma mulher de aparentemente 50 anos, cabelos curtos, de tom marrom. Mas não observei muito, só pude perceber mesmo, depois de prestar atenção na conversa dos dois, que me despertou, visto que nos dias de hoje, não só a falta do pão tem nos tirado de casa...
- Oi. - disse baixinho, o emburrado senhor Ademar. Ademar aparentava ter mais de 60 anos e seu semblante não me era estranho. Já vi muitos senhores Ademar por aí, daqueles que evitam contato o máximo possível, a não ser que você o encontre entre o ir e vir de um corredor. Aí não dá pra fugir, seu Ademar! 
- Tudo bem com o senhor? - a mulher era daquelas que insistem na conversa, ainda mais quando você parece não querer conversar. 
- Tudo bem, sim... Se não fosse pela cidade... - Antes de o senhor terminar, seu Ademar, (e agora é a hora na história em que comecei a prestar realmente atenção nos dois, suas falas descompromissadas, a ida com pressa ao mercado, o medo dos outros e, é claro, a falta de vontade para a mudança) posso tirar conclusões precipitadas a seu respeito? Mas escrevo como quem já viveu aquele exato momento e antecipo as conclusões porque vi como se deu o fim deste diálogo.
- Ah, mas eu acabei de vim de lá e está tudo calmo, verdade, não tem bagunça não. Está... - e as palavras lhe faltaram porque sabe-se bem que ela não sabia como realmente estava, passou o tempo e ela se limitou a preocupação do atravessar e não atravessar a ponte, da adaptação, diria de forma mais genérica, porém completa, a meu ver. O nome dela, não sei, mas me permito inventar porque apesar de estudar que todos somos diferentes, em nossas particularidades, que todo ser é irrepetível, só conseguia ver dona Fátima como todas as outras donas Juremas, Rosanas, Ledas, Solanges. Como todos os outros senhores Ademar (no plural), Jucas, Êlios, Tadeus. Todas estas e todos estes levantam as sobrancelhas e fazem cara feia quando veem seus filhos e netos prontos para não serem iguais a eles, apesar de os pupilos levarem muito de cada um. 
Agora, eu me pergunto, o que nos faz ser tão iguais uns aos outros, repetindo palavras e atos sem ao menos nos preocupar com o que é dito, com o que é feito? Depois dessa pausa pensei em pegar a fila da padaria, só que fiquei com medo do que poderia ouvir no caminho e na espera. 


segunda-feira, 10 de junho de 2013

Nada mais que isso

Penso que tem algo errado quando acho todas as pessoas hipócritas. A começar por mim.