quarta-feira, 7 de maio de 2014

ANGÚSTIA


Página em branco. Sempre que vejo, sempre que vejo uma mãe sozinha chorando aos prantos, penso em sua dor. Penso o tempo inteiro em sua dor. Será por causa do leite dos filhos? Do coração partido? Das mil e uma noites mal dormidas? O que houve, minha mãe. Doce parte de mim. Saibas que é por ti que continuo ainda. Só por ti. Toda a vez que te vejo triste é porque sei que és uma mulher de palavra. Não quero te ver cair pelos cantos da casa. Não quero te ver partir com sua dor profunda. Eu sinto teu peito debulhado sobre o meu. Nunca se esqueça disso, que todas as vezes que te vi partir, um pouco a cada dia, se algo eu fiz, foi por ti. Até essa folha seca que escrevo com os olhos molhados de ânsia e angústia é por ti. Tuas mãos me atam, mulher. Seja cada dia mais porque não sei o que posso conseguir sem saber que és; Em mim, eu vejo todas as tuas vidas. De menina, de jovem e mulher. Tu és minha única forma de vida.  


Pintado por Alfaro Siqueiros David. Sobre Vinilo eucatex