quinta-feira, 10 de setembro de 2015

te dedico


quando tu pousou tuas mãos
sob meu rosto
e ficou cerca de sete minutos
acariciando minhas bochechas inchadas do choro anterior
eu vi tudo:
téus pés agarrados no meu calcanhar
as mãos enfiadas entre minhas pernas
os olhos que penetram feito fina cor
o beijo que sobe e desce no meu corpo quente e frio
diante das idas...e vindas

eu vi teus pais
partidas e derrotas
nossos frutos frente a porta da escola

o choro derretido num dia de incerteza
a árvore nascida das mãos em conjunção
as folhas de papel sulfite jogadas do lado da cama
e as canetas gastas

o tempo parou
quando tu fixou teus olhos teimosos em cima dos meus
e se esqueceu de que estamos nos deixando aos poucos

só peço que por hora
continues
a me olhar, a me tocar e me parar

visionária que sou
trouxe essa memória
pra registrar o meu pesar
e o meu querer orgulhoso

por hora
só peço que fique
só quero que saiba:

quando fui
permaneci
quando quis
desiludi

não sei como terminar esse poema
ou quero que ele não termine
preciso te eternizar em mim
ao menos aqui