segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sinto falta da folga que eu sentia quando envolvida pelos seus braços. E eu não sei se isso é bom ou ruim. Só sei que falta. Como todas as tuas práticas distorcidas, as tuas palavras gastas, os teus gestos descartáveis: isso me bastava. E como me dói sonhar que um dia eu fui tão tua, na rua, na lua, crua e nua. Acordar sem ti também é uma forma de recordar que hoje eu sou só tensão. Será que foi só ilusão? E leio Caio na tentativa de passar: "E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços." Na segunda sobrevivida queria saber do teu fim de semana, do teu começo, de quem dorme no espaço dos nossos dias, quem fala e sorri na lacuna das nossas vozes, quem veste água que cai do teu chuveiro frio nessa ausência de valores. Se tu também a abraça quando sente teu peito gelado de madrugada, se durante o sono também clamas pelo nome dela como gritavas pelo meu, se no gaguejar dos teus pedidos também choras por ela quando sentes que já não estão mais ali. Eu só queria saber quem tem ocupado o teu coração nos dias em que a minha cabeça se ocupa pra não te querer ainda mais quando o sol chega. Queria saber se também tens lutado para me esquecer diante da noite que traz de volta os nossos cheiros. Eles nem são mais nossos, e o vento já levou.
Eu achei que eu era feliz. E hoje, posso ver, eu vivia um estado de encantamento pela vida. Alguns dizem que agora eu vivo num mundo encantado. Só quem já conheceu a felicidade pra entender muito bem o que é o inferno. Revendo, eu apenas vivia a ilusão. As vezes, penso, será que se eu fosse alienada eu seria mais feliz? Prefiro dor a ser enganada. Essa é a minha resposta. Não existe felicidade...
trata-se apenas de poucos e pequenos, não raros, momentos. O tempo tem me apagado.

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