segunda-feira, 30 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
"O diálogo é produzido e mantido através de palavras, sentimentos, ideias que nunca tinham sido trocadas entre eles quando ela ainda vivia. E, também de memórias. O ato de rememoração é forte no romance, o que se explica pelo fato de eles estarem relembrando e narrando momentos que viveram juntos ou separados, momentos contados pela visão masculina e depois pela feminina e vice-e-versa.
É então, que são notadas as diferentes características que levam um ao encontro do outro, que fazem dos dois, seres amigos e apaixonados sem nunca terem tido um contato sexual. Dessa forma, ele conta: “Cansavas-me muito em vida – não paravas de ser, existias demasiado em tudo, solicitavas-me a todo o momento. Eras omnívora: querias devorar a vida de todas as maneiras” ( PEDROSA, p.75). Essa sede de ser dela despertava nele, uma vontade de ser também, porque só ela resgatava a juventude que ele perdera: “Contigo eu podia ir sendo tudo o que tinha para ser, antes e depois e à margem desse trabalho de ser homem.” (PEDROSA, p.66). Ela era ousada com espírito jovial e ele melancólico. A mistura dessas características exercia um só efeito sobre os dois, tornava-os inseparáveis: “Serias capaz de abusar de mim? Porque também eu abusei de ti, tanto. Das tuas ideias, da tua história, do efeito que a minha juventude exercia sobre a tua melancolia” ( PEDROSA, p. 86), conta-nos a personagem feminina. A ousadia dela provocara, sobretudo nele, preocupação e silêncio. Ele gostava de ser jovem com ela, do poder que essa juventude fazia renascer a jovialidade dele, porém, era a linguagem a principal discrepância entre os dois. Ela queria mudar o mundo[1] e ele já havia sido mudado pelo mundo: “Como podes ter vivido tanto e ser tão leve?”, perguntavas-me. Eu respondia-te apenas com sorrisos. Ai de ti se descobrisses que viver demasiado é desistir da vida” (PEDROSA, p.106) desabafa ele sobre esse peso do mundo."
[1] “Eu quero mudar o mundo, tu só queres mudar de cenário” (PEDROSA, p. 27), rememora a personagem em um diálogo dos dois.
PEDROSA, Inês. Fazes-me falta. São Paulo Planeta, 2003.
Resolvi colar um trecho desse pré-ensaio que escrevi para literatura portuguesa na minha sétima fase do curso de letras da UFSC. Diz muito do que acreditamos e muito do que temos vivido. A contemporaneidade atravessa a nossa experiência como uma faca que corta sem ser punida. Temos vivido a violência calados em tempos de guerras mascaradas. Nada pior do que a acomodação daquilo que somos. Acordem, é tempo de mudar o mundo?
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
sábado, 7 de agosto de 2010
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Resistência quando acompanhada do contexto no qual percebo agora é aquilo que chamo de cegueira. É controlada, anestesiada, escolhida. Por vezes pretendeu-se usá-la como máscara e hoje é a válvula de escape para a solidão. De manhã é pequena como teu sentir, a tarde desperta como teu querer e a noite, intensa como teu sonho de amantes. É uma forma de vencer as tuas forças e as forças daqueles outros. É se manter em pé diante dos tombos recorrentes e dos falsos moralismos. É pretender ser além de ti. Quando se vive por aventuras não há que resistir porque cada dia é outra forma de envolvimento. Não há cordões, nem linhas muito menos pretensões. É a procura da viagem e de ser estranho em todos os corpos, ser de fora em todas as horas, ser qualquer um onde for. É esquecer a busca em troca de sanidade. E pertencer a tudo ao mesmo tempo sem falsas ressalvas, sem vínculo, sem chão. É a presença do passado através da negação daquilo que fomos e daquilo que somos. Viver além das aparências e desapontar por isso torna o credo um pouco menos falho. O que há de ser tamanha resistência quando não se almeja? No momento da entrega palavras vêm assim como partem – corações cansados - e ninguém há de saber, mas é por isso que inventaram esse tal do resistir. Ele apazigua as dores de ouvido, devolve o amanhecer que ofusca as confissões da madrugada e em forma de máscara rotineira se guarda para o próximo instante em que a ignorância tomará conta das coisas para que a ti não reste o tão temido sofrer pelas sensações que não tens porque pensas demasiado.