domingo, 26 de maio de 2013

Porque chorei um pouco hoje

Hoje é também ontem e poderá ser amanhã
Corre-se o risco quando seu horizonte é uma utopia
"(...) continuar a caminhar" sempre, chora o Poeta
em busca de significado para a vida

e a loucura de nunca se chegar
constrói fronteiras em forma de muralhas
pessoas em forma de soldados

tuas lágrimas que já molharam tanto o meu peito
próximas e constantes
tornam-se, cada vez mais,
minhas

Onde foi que teus passos se cruzaram
com os meus
a ponto de não distinguirmos
cada pedaço de nós?

ontem senti sede da tua ausência áspera
da briga sincera
pedi por verdade, por favor
me traga, na tua volta, um pouco do olhar singelo que levaste contigo no momento em que,
impulsiva,
decidiste por partir

tem tanta coisa acumulada para compartilhar com as tuas
tem feito dias frios 
e é bastante estranho esquecer o gosto do teu café
PASSADO


sexta-feira, 24 de maio de 2013

Na biblioteca

Passou?
Não sei mais
o quanto tenho
que escrever,
a quantidade de linhas
a traçar,
pra me livrar
desse sentimento
corrompido.
Somos outros.
Outros de nós mesmos.
Mesmo nós.
Esses dias se somam ao hiato de tempo preso ao meu corpo.
Acabou.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Paula Bonet

Inspiração para que eu fizesse algo que não fazia há muito tempo: desenhar.

Hoje, tenho um mural na parede do meu quarto.

Grande parte da inspiração, veio de Paula Bonet.

Essa foi a primeira que fiz, me faz respirar fundo.

Gostaria de tatuar a do lobo com as mãos.

Qual a influência que ele desempenha em você?

Corre, menina.

Você tem gosto de limão.

Não somos palhaços, não!

Novamente, respira profundo...

Caos.

Gêmeas?

Cativa-me.

Sempre quis.

Ilustrações de Paula Bonet.
Para mais ilustrações: http://paulabonet.wordpress.com/page/10/

Não se preocupe, meu amor. A gente não precisa de muito dinheiro pra ser feliz.
Música: You and I - Ingrid Michaelson




terça-feira, 7 de maio de 2013

Castanhas no quintal

Era mais um dia de verão e os pneus da tua bicicleta vermelha, antiga, derrapavam candidamente pela estrada de terra. Naquele tempo ainda não tinha asfalto na frente do teu quintal. Não lembro se tu viveste suficiente para ver o asfalto brotar. Muitas vidas brotaram na tua horta singela antes de tua partida. 
Lembras daquele morango vermelho e pequeninho, do tempo em que não tinha veneno, a terra e o ar eram limpos o bastante pra fazer nascer a fruta mais doce no inverno e a mais refrescante no verão. 
E mesmo azeda, eu e meu primo adorávamos arrancar limões frescos do pé, descascar e comer com sal. Naquela hora, não importava mais nada. Queríamos saber quem era o mais forte, que aguentaria um limão inteiro. É claro, que ele, acostumado com a vida na terra saía pulando e rindo de mim quando eu desistia na metade. Brincávamos de circo no teu quintal. Duas cadeiras compunham o cenário. Eu era a assistente do malabarista. Ele equilibrava uma laranja na cabeça e jogava outras duas pra cima, com muito treino, acelerava cada vez mais. Eu prestava atenção com os olhos brilhando e ao mesmo tempo torcendo para fazer meu número torto de contorcionismo. 
No inverno tinha pocan. Costumávamos sentar todos no sol quente após o almoço com cestos cheios de tangerinas e pocans. Não existia sensação melhor do que descascar esta fruta e sentir os gomos suculentos. Até hoje sinto água na boa ao lembrar. 
Neste momento, tu sabes que lembro de ti com saudades de criança e utopias de juventude. A pessoa que me fez, pela primeira vez em minha vida, questionar as coisas ao meu redor. E percebê-las, devagar e aos poucos. 
Queria te contar sobre aquelas castanhas que jogaste no quintal. Parece que hoje havia um cesto coberto delas. Enquanto me contavam, só conseguia pensar em teus olhos complacentes. Meu coração pulsa de felicidade ao saber dos teus frutos. Quero sonhar contigo hoje...