um relacionamento que me ocupa
condiciona a arte
e eu ainda não sei dizer
porque tanta necessidade dela
ao mesmo tempo que sei viver só
da arte não me livro
parece que preciso praticar o desapego
porque viver sem ela tem me adaptado ao mundo
escrevo embebida por doses de piano
nem suor, nem lágrimas
risos
tomam espaço do som
de um sobe e desce que desliza no escuro
tento escapar desse tom
mas o silêncio que a música me proporciona
em nenhuma garrafa de cachaça vou experimentar
hoje sinto ter muitos anos
e ainda faço as mesmas coisas de dias atrás
faltam palavras para decifrar
tem me sobrado solos
como é possível viver tanto tempo em exílio
porque quando longe
o ar daqui me falta
do caminho traçado pelos meus dedos
que tocam também independente de quem
técnica nunca foi determinante
impulsividade madura tem sido intuição
outonos parecem favorecer o pensamento
esse passado que ecoa em meus ouvidos
âncora e ao mesmo tempo história
de minha única voz
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