Eu quero uma casa onde eu possa furar as paredes
Enchê-la de verde
Escrever poesia no chão com o pó de café
Pintar a sala
e depois quando eu me cansar do que vejo
mudar tudo de novo
Onde eu possa olhar para além das janelas
Onde suas esculturas sejam de barro
para que as minhas mãos possas tocar e sentir
a terra formando a gente
Lugar das aranhas se entraharem em suas teias
no teto
lugar dos insetos
lugar do estar e ao mesmo tempo ser
espaço tempo dessa arte-vida
Chão que entoa o recolher de si
e o acolher do outro
Chão-mar das lágrimas que correm
da água que passa
do passeio do tempo sobre nós
Os ouvidos que produzem o barulho
E o cheiro que entra pelo buraco do colo
Os pés que voam sob um teto todo seu
O corpo que pede por socorro
Uma casa-lar avulsa e que omite-se de dizer
qualquer coisa que não seja para a criação
de mim
Um lar para ser chamado
Com flores de todos os tons
E pedaços de paus jogados
Tudo o que compõe esse ciclo
Do equilíbrio
que nunca cessa a sua busca
E da respiração
Memória insistente da vida
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