terça-feira, 31 de maio de 2011

E agora que passou, onde ancoro o meu navio?

Estranho não ter uma dor familiar pra sentir.
As pernas já não tremem, o frio é só devido aos 13º que estacionaram na ilha.
Durmo sem perigo de despertar na madrugada antes insone.
Como bem, outra vez.
A sobriedade já me satisfaz.

Onde hastear a bandeira do meu desapego?

Tudo o que leio não é mais sofrimento.
A falta de ar é por causa da alergia vigente diante das oscilações de temperatura.
Não olho mais outros dias que não os meus.

E navego em paz.
Se leio as folhas que escrevi não é mais para me amparar...
Se as leio é por arte, porque de algum momento de dor, antes, eu precisava me livrar.
E não entendo, como algo que era tão forte pode significar nada agora?

Sem trocas, simplesmente, a dor de uma perda tão esperada...
é...
nada.

Sobrou a doçura da palavra fantástica, dos textos semanticamente deflagradores,
dos sonhos recontados, da magia expressa pela linguagem antes da morte.
Doce ilusão.
Eu que pensei ter encontrado um pedaço pelo qual não saberia viver sem.
Solidão. Solitude. Só.
Sem mais nó(s).
E tampouco a melancia, amarga sacola enganosa, libertou-se dos dois pés cansados.
Restou a mim, a poesia.
Leia, agora, a l e g r i a.

Eu que pensei chorar o resto dos meus dias,
acordo, agora, semblante que brilha
"Não, não fui por aí"

Abram as cortinas, já passou da hora de eu PASSAR.

(voz taciturna: Não sinto raiva e nem mesmo arrependimento. Sinto só dó de mim [Ou talvez dor]. Dor dos dias que eu não fui. Do brilho que me abandonou. DÓ? Dó da Ré que eu dei em MIm; do degrau a menos, da cor a menos, da falta de nitidez e nota. ...Mas eu parti. Parti pra Lá! Vou nadar no oceano ao som do vento pincelando os meus ouvidos...Eu vou, eu fui.)

2 comentários:

  1. Belíssimo!!!! nada melhor para escrever um sentimento que o próprio sentimento latente em nós... amoooooooo!!!!! E cabe a nós leitores tentar decifrar esse emaranhado de nós que teimam em não desatar por si só. Eis! pq a vida é fascinante...

    ResponderExcluir
  2. Que liiiinda. Abram-se as portas da esperança.



    Ri que me acabei em pensar essa frase. Coitada.

    Adorei minha voz taciturniada aí.



    beeeiiiiiiiiiiiiijos, princesa.

    Agora que estamos recomposta na composteira, a assexualidade impera.



    Meu, que baboseira que eu falei aqui???? ( vou esperar tu rir no msn)

    ResponderExcluir