terça-feira, 2 de agosto de 2011

Bem, deixe-me falar da tempestade. Sim, aquele grande acontecimento no céu que parece latejar aqui dentro. E por todos esses dias cinzas onde o único som era o da chuva quando não interrompida pela chaleira, estive ausente. Ausentei-me por motivo de doença. Senti-me doente por repetidas 24 horas. Doente do corpo eu ainda posso superar, meu problema tem estado em adoentar-me da alma. E aquele som de água batendo na calçada e formando uma poça funda, levando os resquícios dos nossos últimos passos não facilita em nada a minha recuperação. Viajei por milhas e milhas e ainda respiro o mesmo ar impregnado de ontens. Os mesmos dias, nessa mesma época do ano. Agosto não foi doce para aqueles que não sabem amar. E agora me vem sendo assim, simples agosto, simples, chuvoso e frio, agosto. Lembro-me apenas do tempero que era do teu gosto e de todas as vezes que me escondi evitando acontecer os tão temidos acidentes. Covardes em agosto, setembro, causando dores e tristezas e angústias e melodias pelas metade em outubro. Resbalando num cruel novembro, desatando um difícil dezembro. Começando em janeiro ou fevereiro? Terminando em março. Abril só abriu mais e mais feridas que ainda não haviam terminado de se fechar. E maio? Solidão e desacatos. Por desamor, por insistência, por rebeldia, e novamente a tamanha covardia. Adia, adia, eu me repetia, quanto mais o fazia, mais ardia. Junho chegou trazendo tempestade silenciosa acompanhado de julho, acobertado pela descrença e ilusão. Julho passou rasgando, felicidade instantânea. Desgosto, é tempo. Quanto tempo? Dizem que passa em dois ou três anos. Fico sofrendo vendo o tempo ser roubado de mim quando nenhuma espera recompensa a falta que me faz todos aqueles dois ou três dias felizes que vivi em meados de outros tempos. Cansada de tapar buracos, inventar histórias assim como essa que veio a fim de me livrar dos traumas. Salvar agora? Salvo, mas um dia o salvo de mim.

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