quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Desabafo

Após voltar o coração da instituição, foi a vez do meu coração parar

Perco o caráter denunciativo dessa proposição em detrimento de uma diplomacia que nos faz calar, “pelo bem do movimento” gritam uns, quando em contrapartida, me vejo aqui escrevendo e, portanto não paro. Perdi no meio do caminho do parágrafo anterior o caráter denunciativo e mesmo assim acabei de denunciar. O que tenho visto ao meu redor não é só um baile de máscaras em que vence o que produz a melhor fantasia, seja ela com conteúdo histórico ou esteticamente mais encantadora, seja com apropriação de discursos e utopias defendidas na singularidade transparecendo a ilusão de atingir um coletivo que morreu no meio do caminho, diante do preparo das falas. Parece contraditório, mas é isso mesmo, vocês já nos perderam quando se juntaram. Alguns inconscientemente, outros defendendo interesses repudiados tantas vezes pelas próprias bocas. Mas tudo bem, “sou responsável por aquilo que digo, não pelo que entendem do que eu digo” e sendo assim, nós todos nos escondemos atrás do protecionismo paternalista: uma reverência aos paradoxos.

O revoltante é o caráter assumido por aqueles que tomam a linguagem pra si e usam dela para se apropriar das vidas, grande doença do mundo. Da mesma maneira que fizeram os colonizadores quando trouxeram toda a violência linguística, moral, física, fazem agora os donos dos discursos contemporâneos. O extremismo tomado com/por paixão tem de certo modo encarado a vida social crítica não como utopia, mas como revolução pessoal. Se hoje não temos um inimigo estável, se hoje lutamos sem saber exatamente quem estamos combatendo, resta a mim uma só proposição: da maneira como estamos seguindo, parece que seguimos contra nós mesmos.

Chamam pra luta e fecham os olhos e os ouvidos para os próprios soldados. Ainda pior, fingem ouvir, arriscam salva de palmas e depois seguem suas vidas corroborando para a invisiblidade do outro, excluem propagando o discurso da abertura e permanência. E o que mais me toca é que a linguagem me toca e diante dela não me canso.

E de tudo isso, o que restou?
O poder nas mãos dos mesmos. Mudam as caras, ficam os vícios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário