quarta-feira, 28 de setembro de 2011

"Escrever pode ser solidão" - disse-me nas entrelinhas de sua prosa. Eu, ciente e distante desse ato, me perguntei se escrever era uma escolha e descobri sobre a imersão no mundo dos discursos quando não há mais esperança. Talvez fosse um pouco isso. As pessoas desistem e depois elas leem. Ler pode sustentá-las por algum tempo, por uma pequena porção de tempo. Porção que é bastante desproporcional se comparada com as desistências constantes. "Então é isso, você veio até aqui pra desistir agora?" - Pensei novamente diante dos fatos. Mas precisava renová-los. E isso significava, por um pequeno instante, a não-desistência.
A grande dor daqueles que escrevem nada se compara a angústia daqueles que só leem. Um acúmulo sempre pronto para entrar em atividade de ebulição, explosão latente que nunca ocorre. E eu nunca sei o que fazer com tudo isso. Parece que tudo já passou na minha vida e eu tenho vontade de simplesmente sentar e ler uma história, mas o que é ler uma história para aqueles que guardam dentro de si os caminhos revoltos do mundo? Paro novamente para refletir sobre essa ação e sou tomada por uma imensa vontade de apagar a folha, porque vestida de branco ela tem em si também todas as dores do mundo. Dores assim não sangram. E todos aqueles lençóis brancos transformados hoje em bandeiras vermelhas traduzem a dor dos que foram além de atos como ler e escrever. A grande luta se materializa fora daqui, apesar de eu enxergá-la por vezes metalinguisticamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário