sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Por minhas mãos

Me fizeste, como todos os românticos incompreendidos (e carentes de cama e bons tons) um vaso de flores que atiraste pela janela no terceiro mês. Hoje, elas vivem a tilintar cores diversas no jardim subterrâneo das minhas lembranças. E ainda que não floresçam em vida, contentes estão por germinar cadáveres e desfrutarem da esperançosa possibilidade de virem a renascer um dia. E me pergunto diante de todas essas interrupções tardias, como tens cuidado do teu jardim sempre tão infértil e carente de amores reais. Porque ainda que longe, eu sei e sinto, tua busca por algo impossível de se realizar em vida sem cair no convencionalismo monótono da realidade. E a minha dúvida que subverte a lógica de todas as canções (algo que tiveste dom em fazer) talvez seja a única resposta pronta para responder a tua busca e a minha dor. Quando uma vez falei sobre promessas de amor só se realizarem na impossibilidade era pra me consolar do fato de que temos sido impossíveis um para o outro. E também para não temer a falta de possibilidades de outros universos, outras canções, outros toques e cheiros. Porque assim como queres te contentar com o tradicionalismo das relações, eu estou no processo às avessas. Procuro as mais diversas possibilidades pra me livrar da única que me fez querer um dia parar de buscar, em troca de travesseiros brancos com um só vestígio de ar.

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