Perco-me no calendário...
Ao voltar as origens, volto também a caligrafia no tempo esquecida diante do hábito da digitação.
Quando foi que me cortaram a linguagem?
Demorei tanto para reencontrar em mim a escrita adormecida e a despertar para num segundo, em um piscar de olhos: o ano passou. Já não sou mais a mesma, me deixei morrer diante das investidas dos outros, me calei.
Não era para ser o caos, isso não era para ser o caos.
Escrever não era para ser dor,
nem obrigação,
nem desvontade,
desprazer,
descida.
Escrita não era morte.
Escrita era para ser marca e vida, marca de vida, identidade e história.
Por que deixei que me invadissem e negassem minha identidade?
Quando foi que morri?
Do caos, revejo minha vida agora.
Se ela não tivesse chegado.
Quem sabe onde eu estaria.
Poderia ser a mesma história.
A palavra, a única que eu tenho, talvez seja isso que me faz sentir tão fundo.
Depois que eu acabo de dizer nunca é aquilo que eu queria ter dito.
A palavra, a única que eu tenho, talvez seja isso que me faz sentir tão fundo.
Depois que eu acabo de dizer nunca é aquilo que eu queria ter dito.
Eu me traio com palavras.
Um romance era muito mais real se terminasse com morte.
Você nunca saberia realmente o que eu sou.
A minha mentira é maior e mais forte do que todos esses bailes de máscaras.
Pormenores.
O som do violão acode a nossa dor e o silêncio separa a finitude dessa relação.
O meu crime foi nunca ter falado. Um dos meus crimes.
Escrita, doce fuga. Ficção. Possibilidade de traição e de mentira. Desabafo cordial.
Nunca posso ver o que virá, mas tenho escrito o que já foi.
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