domingo, 1 de novembro de 2015

LIBERTÁ

Eu preciso escrever no teu corpo inteiro e nu.
Rasgar tuas roupas só foi o início da decomposição de minhas palavas em tua pele dura.
Quero juntar tua pele e fazer dela papel pardo, depois cortar em pedacinhos, distribuir, "pra todo mundo poder ter um pouco de ti".
O meu desafio é eternizar a escrita, apagada durante tanto tempo na secura dos meus dias planejados.
Agora, novamente sem planos, me vejo envolta a um mundo inteiro.
Estou nadando em nós.
Deve ser isso que me comove, que me empurra pra longe, que me faz ter terra e ao mesmo tempo galáxia.
Essa mania de não querer querendo.
Esse convívio com a instabilidade...
Correr de boca em boca, corpos e vozes
Interromper o trabalho
Desculpabilizar o ócio,
Adiar o compromisso fétido da vida comum
Rasgar os contratos,
Esquecer o calendário
Transar com o chão,
a parede,
o asfalto,
o samba
Tocar os medos dos outros e depois correr feito pipa
Soltar os nós
Desafazer sonhos estúpidos embutidos como verdades nas cabeças alheias
Tilintar desejos
Romper com a moral
Esmagar a sabedoria intelectual dos pedantes
Voltar sozinha
Andar sozinha
Vibrar sozinha e nua,
Desabotoar o vestido daquela menina que me olhou curiosa
Possibilitar a realização dos caos
Embriagar-me de convívio e depois usar
a roupa do outro
o cheiro
o gosto
o breve pulsar
o passado
e não olhar pra frente
Cotidianizar a L I B E R D A D E
Feito borboletas que somos
Encarar nos olhos a vontade de ser
Teu tom
me traz
de volta
a mim
vem por aqui?

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