domingo, 18 de julho de 2010

Aventura sem número:

"o meu cérebro tá perdendo de 6 a zero pro meu coração"

Alice olhou para os lados a procura do coelho que insistia em desaparecer. Aquilo não fazia sentido, pois há dois segundos ela podia vê-lo, branquinho, felpudo correndo pela cidade cinzenta devido a chuva que insistia em permancer por aqueles dias de frio. O brilho das placas iluminando o cenário a fazia pecorrer dezenas de quadras sem desistir do primeiro objetivo: achá-lo. Aliás, achá-lo não era objetivo para Alice, era desejo. Nem todo desejo é objetivo. Têm objetivos que somos motivados a traçar. O desejo é algo mais pessoal, vem de dentro, daquela pontinha de angústia que faz aquela música tocar quando ninguém quer ouvir e só você consegue sentir. Alice não sentia mais, só desejava. Parecia que era porque seus olhos não conseguiam percorrer mais os mesmos corpos sem perder o senso. Não se trata de ser certo, muito menos do que chamam de errado, ela queria apenas achar o coelho felpudo, de olhos vermelhos e pelo branquinho.
De repente, as luzes da cidade se apagaram e como se não existisse mais nada a escuridão tomou conta do mundo da pequena menina perdida. Nem gritos de desespero pela falta de lugar ela ouvia. Com as mãos geladas devido a garoa fina que caía sobre o seu corpo, Alice percorreu as cegas 6 ruas obtusas enquanto seu coração batia de entusiasmo. Não tinha medo, nem os buracos da estrada a impediam de seguir traçando as linhas tênues que invadiam sua segurança. E quando menos esperava ouviu mais uma vez o saltitar do coelho que dizia: "é tarde, é tarde, é tarde, é tarde, é tarde"... Quando pôde ouvir a voz do bicho, tranquilizou-se, entretanto não poder ver nunca a impediu de acreditar que aquilo existia de verdade.

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