segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

...prever o futuro é pretensão de quem sabe amar. Mas não sabe que amar é não saber.
Gabito Nunes

Previsões. Assim como as do tempo, falham - em um instante - na primeira mudança da frente fria que ia para o norte e acabou perdendo força e estagnando antes ainda de sair do sul. E todos acreditam. Fazem planos para uma tarde ensolarada no campo e quando chega o dia escolhido, o céu de azul passa a ter tom cinza escuro com sons de tempestade fresquinha sem vontade de acabar tão cedo.

Eu previ. Previ tanto meu tempo contigo fazendo chuva, fazendo sol, que te perdi antes mesmo da frente fria mudar seu curso. Mas, não pense você que apenas eu senti sua falta. Porque você perdeu a minha entrada para a vida adulta. Perdeu minha primeira lágrima quando parti para morar sozinha. Você perdeu minhas viagens durante a faculdade, minhas noites de insônia falando ao telefone com alguém que não era você, minha superação do meu medo de escuro, minha primeira ida ao médico por medo de ter alguma doença realmente séria. Se dói aqui, doeu aí também.

E porque os tempos mudam, você voltou. E voltou justo na hora que eu mais precisava. Voltou quando eu me perdi. Queria que você estivesse aqui pra me ver crescer e o quão rápido isso modificou meu jeito de ser, meu modo de agir e até minha resistência para chorar. E talvez, seja muito duro para você lidar com a pessoa que eu me tornei. Às vezes fria, outras inconsequente, só que muito mais protegida. Não pelos seus escudos imaginários que você deixou quando partiu, mas pela minha própria força de mudar. Afinal, assim como mudam os tempos, eu mudei também. Ela era doce e ingênua. E dentro de mim eu sinto, você vai saber lidar muito bem com isso. Mas como todas as previsões e sonhos mudam resolvi apostar. No fim, só se sabe quando não se quer realmente saber. Só se encontra quando não se quer encontrar. E você é a prova disso.

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