quinta-feira, 8 de março de 2012

Inspira

É que tapei meus ouvidos e pude sentir o interior do meu corpo inteiro concentrado em uma só parte. Lembrei de respirar umas duas, três vezes e depois contei até sessenta prendendo a respiração o máximo que pude. Sessenta segundos debaixo das sensações ofuscadas pelo cotidiano e talvez pelo tempo que tirou de foco. Um minuto de solidão. Ainda pudia sentir o toque como se meus trezentos e sessenta e oito minutos restantes de vida não fizessem diferença senão por aquele momento. Por trás do toque, mais trezentos e sessenta e nove desejos, angústias e malabarismos imaginários. Parece que a angústia de nunca ter certeza continua a mover a minha vida como um trem desgovernado que se perdeu nas entrelinhas do trilho. Parece que tudo aquilo que parece perde o sentido de existir como possibilidade naqueles sessenta e um segundos de toque. Eu juro, gostaria de ter parado. Não sei se ainda posso explicar a minha velocidade para os observadores do mundo. Só sei que fiquei porque ao que parece, gosto de parar um pouco. Ou parar é tudo aquilo que odeio e a dor, "a gente vira dor pra não ter que virar fim".

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