Cansei de cadeiras emparelhadas. Quero movimento, pessoas nos corredores reinvindicando por aquilo que consideramos todos como melhorias estudantis. Não é justo termos um governo que preza por moradias quando muitos mudam-se dezenove, vinte, vinte uma vezes até conseguir um lugar onde viver. Não é justo um país que preza por igualdade quando aqueles em que acreditamos morrem nas ruas todos os dias, de fome, de sede, de frio. Que lugar ocupamos? Eu sinto tanta dor por não conseguir mudar um milímetro daquilo que não consigo acreditar. E mais dor ainda por saber que aqueles que um dia eu pude ver acreditar desistiram tão fácil porque não conseguem mais crer em si mesmos. Não sei como nomear isso que me inquieta, mas não é tão bom como pregam muitos dos poetas que leio, aquilo que me inquieta corta, faz sangrar e destrói muitas das perspectivas que tenho. O que sobra é perguntar-me, o que de fato é perspectiva? É algo ao longe, ao infinito, porque não vejo naqueles que um dia pensei que iriam me tocar. Só que o que mais me distrai é saber que agora, ao invés de escrever eu me entrego à cama, entrego aquilo que tanto critico, ao sono que faz esquecer a acomodação que não toca, apenas desvia. Eu quero ser o desvio, a veia latente, o coração pulsante. Eu quero ser a pulsação, a tempestade, a chuva inconsequente. Eu quero te tocar, ainda que de tão longe não me toques, ainda que de tão perto me acomodes, ainda que assim não sobre uma só palavra pra dizer o quanto essa luta é árdua, o quanto esse desvio é preciso, o quanto essa magia transcende. Preciso te ver transgredir, preciso te ver lutar: "porque quem chora aceita e é preciso não aceitar!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário