sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Cansei de ser forte. Chega um momento que aquilo que eu escrevo não me basta. Eu preciso de mais ousadia. Perdi meu sentido porque aquilo que vivo passa longe do que me toca. E quem tem as respostas? Sou contempladora da sorte e descrente do tempo, essa é a minha maior contradição. A fome que me move é fruto da intriga que ouço e o respaldo que tenho é o poder de ficar calada. Até quando? O silêncio é a forma mais pura de sentir porque a palavra é suja, ela imita a morte no momento de desintegração. Quando falamos abrimos mão daquilo que sentimos porque as palavras nunca se igualam ao desejo e a imagem idealizada. Não somos capazes de materializar os sentimentos e se assim o fazemos reduzimos a sua potencialidade de realização. O que sobra do nosso resguardo? A consciência de que aquilo que dizemos nunca irá se igualar ao que sentimos. Não é como o espetar de um espinho que ao te furar modifica a sua acomodação porque fere a pele, toca na dor e perde o sangue. Não é como o sexo que comove a sua rotina, instiga o seu instinto e perfura os seus orgãos. Dizer é entrega e entrega é ventura. Bem aventurados do que creem na peripécia e produzem o mal dizer. Pra mim não. Aqui em minha morada palavra soa como acordo e acordo é aperto de mão, olho por olho, coragem. Não sou capaz de dizer aquilo que não acredito, sonhos que não contemplo e precisão que não vejo. Pra mim, dizer é permanência porque somado com a memória resulta na essência de minha história idealizada.

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