quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Clarah acreditava no toque e escreveu que não concebe a vida sem contágios; que ninguém vive o amor impunemente; encontrou-se frente a frente na dor da solidão de uma sala vazia. Uma sala vazia de corpos, mas repleta de almas. Não, ela não falou com Deus - ou deus. Não ouviu vozes do além, nem sentiu toques no escuro. Eram vozes na cabeça, arrepios dentro do peito, diálogos consigo. Era a Clarah e somente ela.

Corri um pouco mais do que minhas pernas eram capazes de suportar. Não tinha lado, não tinha mãos. Foi então que me vi mais próxima daquela que ofusquei por causa das consequências dos meses anteriores. Era ela. Um feixe de luz passou sob meus olhos que apertei na tentativa de segurá-la. Gritei. Senti. Não, não vá. Só por essa noite, fica. Posso dormir contigo hoje, segura? Consciente de que amanhã vou acordar sozinha, eu só tinha vontade de me contaminar pelo hoje, pela força que o agora ainda provoca no meu corpo tão doído de passado, tão cortado por lembranças.

Passou. E fingiu não ver.
O que estava ali, não era apenas eu. Sobre a calçada, o minuto se foi. Mas você fingiu, fingiu novamente não saber o quanto eu desejo você.

O amor que foi embora. A dor que fica agora.
A paixão permanece igual. E você fingiu não notar, que quando eu passo os meus olhos não podem mentir: queria ter você aqui.

Com força segurei meus olhos na esperança de não perdê-los outra vez no seu corpo impulsionado pela ida. Queria, menina, ser aquela que você nunca deixa, apesar de eu saber que pra mim você sempre volta. Dessa vez o sempre tem demorado demais.

Até quando?

She's gone but...Ela vai voltar, ela vai voltar.

3 comentários:

  1. Você, pra mim, é aquela que eu nunca deixo. Por mais longe, por mais perto, por mais finito que seja tudo nesse mundo.
    Você, pra mim, é aquela que eu nunca deixo.

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  2. Na companhia da sua própria solidão encontra refúgio nos pensamentos e afago nas lembranças.

    Grande abraço

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