quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

"The street heats the urgency of now as you can see there's no one around"
Smashing Pumpkins

"Mais rápido do que pensávamos que iríamos cobertos pelo som da esperança" de uma tarde que tinha de tudo para acabar como os últimos meses. Nem terminei de sofrer e já me deparei com outro motivo. E foi tudo tão rápido e foi tudo tão constituído por flashes repentinos de uma noite esperada, mas nunca prevista.

Naquele momento ninguém podia acreditar que guardanapos podiam unir mundos. Dois mundos tão distantes e ao mesmo tempo cheios de equivalências, de poemas traçados, livros ousados e carinhos ultrapassados. Mundos submersos por uma coleção de papeis, de um lado guardados, colecionados, de outro inventados.

E porque escrevo, inventei de escrever para ti. E trazer teus anseios pra esse mundo sonhado, com cheiro de grama verdinha regada por orvalho, cenário de festas enaltecidas pelo vigor de viver o agora. De azul anil, só o fundo do lago imaginado, de escuro, só enquanto a velocidade zelava pela nossa insegurança em estradas desconhecidas dos seus olhos.

Dos beijos roubados, dois cabelos compridos uniram as bocas porque um tinha medo e o outro queria sumir sem rodeios. Rodeados pelos bastidores da vida, nenhuma multidão os intimidou...nem a eles, nem a elas. Somos compostos pela ânsia do desejo que não tem perigo de acabar. E nenhuma definição estaria a altura de nosso tempo. Esse que salva, que acolhe, que traz os braços no mesmo momento que os leva embora. Ninguém ocupa o lugar do outro que se foi, eu tento me lembrar enquanto vestida de água gelada. Mas acolhe.

Enquanto balançamos na rede, duas lágrimas escorrem sem saber que duas mãos a esperam cair para então secá-las. E assim, elas se vão. E assim, nós vamos. Lutando para entender mais sentimentos sem chão, mais idas sem voltas, corações vazios, detalhes sem linha do tempo.

A vontade de ficar é o aviso de que devo ir. Sem ar, faço força para respirar e me pergunto quando acordo, será que algo vai durar? Qual é o limite do tempo? Quantos batimentos eu aguento antes do meu coração parar por falta? Quantos dias a mais sem chão, no caos, sem som, no limbo?

Dessa vez eu não acordarei sozinha. Abraço tuas mãos e peço: "posso dormir contigo?". Depois de tantas mentiras que eu sabia, já estavam por vir, tanta dor, que eu já tinha sentido antes, tanto amor desgatado, tantas revoltas ensaiadas, ossos quebrados, eu só queria uma noite de paz para sentir que o mundo não é tão ruim assim e que alguém pode não hesitar em estar lá por mim.

Quando tintas de canetas desgastadas por pedidos inacabados unem os mundos opostos de marte e vênus. Quando marte ataca e vênus se rende. Quando vênus pede e marte cede. Quando marte abraça, acolhe, mostra o espelho para vênus que já nem se reconhece mais. Quando vênus acorda com vontade de seguir depois de parar tanto tempo esperando por um tempo que nunca veio.
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ps¹: tudo isso é devido a falta de uma definição naquele lugar de definições inacabadas que você me mostrou.
ps²: obrigada por me querer num pedaço de tempo que seja, você me mostrou, acima de tudo, que eu ainda posso sorrir.

Um comentário:

  1. "A vontade de ficar é o aviso de que devo ir."
    Nunca havia enxergado assim, mas faz todo sentido.

    Bjo

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