quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quem disse que precisa estar sofrendo pra escrever não sabia do que a felicidade era capaz. Felicidade instantânea. Não sei, mas o que tenho sentido é maior que os dias que tenho vivido. Uma sombra de remorso passa longe de mim. Não tenho mais medo. Deve ser essa gota de você(s). Gota que vem repentina assim como lágrima de saudades, mar de solidão. Gota que puxa minha memória e faz reviver aquele som daquela noite naquele segundo. Parece tão surreal. São 3 e meia da manhã e eu queria estar em casa pra escrever tudo aquilo que escrevo agora. Só que o momento passou. Assim como passaram as minhas palavras para você. Repentinas. Sensíveis. Permita-me tocar teus olhos com essas mãos tão livres. E cruzar meus dedos nesse seu cheiro de cabelo suave. Fechei os olhos. Quem disse que precisa estar dormindo pra sonhar não sabia o que era a ilusão.

Um pingo de poesia nesse chão intacto de roupas usadas, malas rasgadas e uma vontade de ficar. Hoje eu não posso. E é mais uma despedida. Só que agora quem vai, sou eu. Pobre solidão de nós dois. Vejo tudo pela lógica de quem sempre tem que ficar. Quero partir. Partir corações como você fez com o meu. Juntou os pedaços, formou a palavra, mas não disse a frase. E ainda assim permaneci. Na ansiedade, na nostalgia, na incoerência. Inteirinha. Ainda que fragmentada pelas dores que você não foi capaz de curar totalmente. Pedaços de mim que eu vejo você levar cada vez que resolver partir, partes dali e daqui. Partes.

Antes de ti. Antes de ti eu não sabia o que era sentir. Quem disse que precisa estar amando pra sentir nunca entendeu o que é a paixão. Daquela que rasga, treme os joelhos, esfria o peito ao mesmo tempo que aquece, daquela que vai. Ela só vai. Tenho vontade de ser paixão porque quero ir embora o tempo inteiro. Que tempo é esse capaz de mudar tanto o meu amor, de fazer ele louco e sem lar, tempo capaz de sofrer ao mesmo tempo que sorri. Sentimento acompanhado de negação, porque quando você sente só quer que ninguém saiba, muito menos você. E se engana, e foge. E aí que parte. É nesse sentido que você também parte. Vai embora querendo ficar e machuca querendo curar. Antes de mim.

Unite. Unite a mi. E novamente do lugar da fronteira, do limite, da linha que não ouso ultrapassar vejo você acenar sem paixão. De longe acompanho a partida. Nem me olha nos olhos, nem me abraça mais. Não há mais tempo pra nós. Do nó formado na garganta fica o impedimento para eu pedir que você volte. Ou que fique. E que me olhe nos olhos, abrace-me forte, respire fundo e diga a frase. Em um mundo possível...arranca as minhas certezas e vem me provar. Pobre solidão de mim.

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