quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Vai passar nessa avenida o amor vai passar...

Queria espremer meus olhos até que caíssem todas essas lágrimas que tomam parte do meu corpo sempre depois de uma noite de chuva. E como dói, faz arder cada centímetro de mim porque eu nem sei. Não sei se nossos olhos choram ou se são só os meus, sozinhos, abandonados, orfãos dos seus.

Embrulho-me em um papel com laço de fita dourada e espero passar o próximo trem agarrada em uma esperança que nunca vem. Comprei o bilhete, mas não ouço o barulho da roda nos trilhos e para imitar essa ausência de sons, faço silêncio. Um silêncio intimidante, íntimo, que de tão intenso é quase sonoro.

Na somatória de todos esses nãos, sinto-me entregue a um mundo de negação. À negação dos meus dias, dos meus sentimentos, dos meus planos. Olho no espelho e não me encontro, onde está a força? Onde está a menina-mulher que de tanto se amar conseguia alcançar tudo aquilo que se propunha movendo montanhas com a ponta dos dedos?

- Onde estou que não aqui? Perguntou ela para seus próprios pensamentos. E mais uma vez obteve como saída o silenciamento da falta de respostas. Sentiu medo de se fechar, sentiu a lágrima novamente escorrer sob seus rosto gelado levando embora mais um pouco daquelas memórias salgadas, doces e amargas. Engoliu a saliva, olhou ao redor e novamente não viu o trem passar. Talvez, ele até tenha passado, mas de tão focada em um só som, em um só toque, em um, ela ignorou a passagem e enquanto acreditar que sejam um, que são um, ela nunca vai subir nesse vagão que de tão vago com todas as suas poltronas vermelhas, espera por ela que espera por outro.

E quantos trens mais vão passar com seus vagões abertos para ela? Respira e decobre. Tira isso de dentro de ti, abre esses olhos e seca essas lágrimas. Teu mal é querer que fique e que doa e não é recíproco, então vai. Pára de virar essa cabeça para onde não faz sentido ser. Seja mais sua, seja mais...suba naquele vagão.

Pobre solidão de nós dois.

2 comentários:

  1. ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem
    ''ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho aeon
    ói, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem
    ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem
    quem vai chorar, quem vai sorrir ?
    quem vai ficar, quem vai partir ?...''


    hihihiii.

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  2. Calei e escrevi
    Isto em reverência
    Pela coincidência.

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