domingo, 12 de dezembro de 2010

"Sou como alguém que procura ao acaso, não sabendo onde foi oculto o objecto que não lhe disseram o que é. Jogamos às escondidas com ninguém. Há, algures, um subterfúgio transcendente, uma divindade fluida e só ouvida.
Releio, sim, estas páginas como representam horas pobres, pequenos sossegos ou ilusões, grandes esperanças desviadas para a paisagem, mágoas como quartos onde não se entra, certas vozes, um grande cansaço, o evangelho por escrever.
Cada um tem a sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros com alma igual. A minha vaidade são algumas páginas, uns trechos, certas dúvidas...
Releio? Menti! Não ouso reler. Não posso reler. De que me serve reler? O que está ali é outro. Já não compreendo nada..."

Bernardo Soares - escreve por mim, vai, meu poeta da melancolia porque eu já não tenho forças intelectuais (emocionais) suficientes pra (des)organizar meu pensamento...

Nenhum comentário:

Postar um comentário