quarta-feira, 11 de agosto de 2010

- Alô?
- Oi, pequena.
- Que saudade! Saudade de ouvir você me chamar de pequena.
- Queria que a distância não tornasse tudo tão longe.
- Ouvir tua voz já me aproxima de ti.
- São Paulo.
- São Paulo?
- Colo semana que vem?
- Queria colo em São Paulo. Afinal, mudar de cenário traz muito mais sentido à fuga.
- Ei, não filosofe, aceite.
- Preciso mais do que um colo, preciso de um consolo.
- Não é de hoje que meu colo é refúgio pra ti, então aceite, eu repito quantas vezes for necessário pra dar sentido a tua fuga.
- E os olhos fechados?
- Do jeito que você gosta, da maneira que você inventou, reinventou, desenhou e coloriu pra nós dois.
- Obrigada.
- Não agradeça. Por mais que seja outra das tuas invenções, eu fico feliz em poder fazer parte dessa verdade inventada.
- Por que ainda não inventaram o tele-transporte?
- Acredite. Nesse instante eu estou muito mais ao teu lado do que em São Paulo.
- Eu queria poder estar aí também.
- Pequena, esquenta as mãos e te alimenta. Não vai demorar muito pra eu te acolher e cuidar da tua insônia.

Nesse instante eu entendi aquilo que li em outros lugares. Quando minha escritora atual favorita ditou: "Éramos infinitos enquanto música" eu traduzi para: "Éramos infinitos enquanto instante, saudade e distância".

5 comentários:

  1. tudo é cultura pra Milene. hihi
    Tua escrita traz mais de ti do que eu imaginava.
    ahhaha

    Vou esmagar esse diálogo.

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  2. Comento por alguém de São Paulo, que te quer pertinho e te lê com o coração na mão, sempre !

    Ela diz: "chegou aqui e arrepiou cada pelinho do braço ! Quero teu colo em Floripa, posso ?!"

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  3. O diálogo parece comum, mas você parece ter escrito com a parte mais bonita das suas mãos.

    Música sempre será eternidade...

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    1. Por onde anda você? E por que eu não te respondi no passado?

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  4. Que instante significante. Belo, forte e embebido em significado. Que vocês sejam música, porque saudade e distância são tristes demais!
    Beijoca, guria.

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