Resistência quando acompanhada do contexto no qual percebo agora é aquilo que chamo de cegueira. É controlada, anestesiada, escolhida. Por vezes pretendeu-se usá-la como máscara e hoje é a válvula de escape para a solidão. De manhã é pequena como teu sentir, a tarde desperta como teu querer e a noite, intensa como teu sonho de amantes. É uma forma de vencer as tuas forças e as forças daqueles outros. É se manter em pé diante dos tombos recorrentes e dos falsos moralismos. É pretender ser além de ti. Quando se vive por aventuras não há que resistir porque cada dia é outra forma de envolvimento. Não há cordões, nem linhas muito menos pretensões. É a procura da viagem e de ser estranho em todos os corpos, ser de fora em todas as horas, ser qualquer um onde for. É esquecer a busca em troca de sanidade. E pertencer a tudo ao mesmo tempo sem falsas ressalvas, sem vínculo, sem chão. É a presença do passado através da negação daquilo que fomos e daquilo que somos. Viver além das aparências e desapontar por isso torna o credo um pouco menos falho. O que há de ser tamanha resistência quando não se almeja? No momento da entrega palavras vêm assim como partem – corações cansados - e ninguém há de saber, mas é por isso que inventaram esse tal do resistir. Ele apazigua as dores de ouvido, devolve o amanhecer que ofusca as confissões da madrugada e em forma de máscara rotineira se guarda para o próximo instante em que a ignorância tomará conta das coisas para que a ti não reste o tão temido sofrer pelas sensações que não tens porque pensas demasiado.
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