domingo, 10 de outubro de 2010

Que seja!

- Cadê tu nessas horas? Vem aqui me cuidar..
- Ué..Pensei que o nosso relacionamento tava fadado a não sair do papel, da tela do computador e das mensagens inoportunas. Cadeado numa irrealidade, ilusão. Não existe, sabe?
- Não.
- Admite ao menos que, dentre os outras candidatas à vaga de pessoa mais iludida da década, a minha resposta foi a mais original.
- E a mais defensiva. Os mesmos ataques. Sempre.
- As mesmas conversas, sempre; as mesmas atitudes, sempre; as mesmas desculpas, sempre; o mesmo papinho, sempre; e o cego amoroso cai, sempre.
- Não é bem assim. Quando eu estive disposto você fugiu, todas as vezes.
- O castigo pelas minhas fugas já tem durado mais que o necessário. Pega as chaves e abre aí, pô. Deixa eu sair dessa gaiola que acabou se tornando o que era pra ser a gente. Me liberta, vai.
- Voa, então. O que te prende aqui não sou eu, é não ter nenhuma amarra. Descobre o novo e me conta mais tarde, na volta. Volta, sim. Sempre te pego, tu sabe. Às nove, ou dez, de alguma noite entediante.
- Até chegada a vez em que com tanta novidade e conhecimento obtido, cultural ou de vivência, que seja: certas vezes aquilo que encontramos substutuí o antigo, obsoleto e já sem sentido. E voltar então, além de desgastante, pode se tornar tão banal que a mudança de rota é o caminho..

(Assim fosse. Quem dera. E que seja!)
- Camila Paier
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